segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Entre Camões e Mister Catra...

Talvez o caro leitor ou leitora venha a me agraciar com a alcunha de “piegas” ao termino da leitura dessa coluna, por defender que o amor fluía com mais facilidade pelas veias humanas nos tempos de nossos pais, mas antes peço encarecidamente que absorva a seguinte frase dita por um gênio do pensamento pós moderno:” Em terra que mulher venera Mister Catra, Casanova morre sozinho”. Não, jamais passaria por minha cabeça generalizar as mulheres muito pelo contrário. Agora a grande verdade é que nos tempos de nossos pais, mesmo não possuindo celulares, redes sociais e tantos outros meios que facilitam a comunicação, ações românticas ocorriam com muito mais freqüência. Sempre que posso, entre uma cerveja e um papo amigo com meu grande ponto de referência em questões afetivas, meu pai, peço a ele para contar aquela que para mim foi uma das maiores provas de amor da qual tive noticia nesses 30 invernos que abraçam minha vida: Ele comprava uma revista dessas de palavras cruzadas, fazia e depois desmanchava totalmente, atravessava a rua, e entregava a revista para minha mãe. Puro e simples. Sem dinheiro, ele e minha mãe dividiam até um pão de mel. No tempo de nossos pais, o crime mais cometido, com certeza era o furto de rosas em jardins de vizinhas idosas. Todo casal daquela época tinha tracejado em sua linda história de amor, em algum momento, uma bela espetada no dedo e uma vassourada e uma senhora fula da vida por pegar em flagrante de delito, um meliante de calça boca de sino e cabelo comprido mutilando uma roseira. Mais recentemente, nos anos finais da década de noventa, adolescência, últimos anos do colegial, ainda tropeçávamos em algum amigo grunge de camisa xadrez e cabelo na altura dos ombros segurando o violão, rompendo a noite com um sorriso no rosto por ter feito uma serenata para a namorada e ter arrancado a felicitação da sogra, e um resmungo de aprovação contrariada do sogro. Sabemos, o tempo muda, mudam-se os meios e até alguns propósitos. O que não deveria mudar jamais, é o fato de que “O amor é fogo que arde sem se ver, é ferida que dói e não se sente, é um não contentar-se de contente, é dor que desatina sem doer.” Dificilmente nesse contexto social em que o mercado de trabalho devora as melhores horas da sua vida, a minha roupa ficará “suja de lama e a cachorra ta na cama” Na quatro por quatro, a gente não zoa mais. Às vezes me pego deslocado no espaço tempo. Assumo que estou longe de ser um romântico a moda antiga, mas sei reconhecer que os métodos atuais de conquista não são mais os mesmos. Ainda no domingo à noite, passeando pelo Guarapiranga, tive um curto diálogo com duas lindas moças, uma que já conhecia, e a outra que tive o imenso prazer de conhecer. Fiz uso de uma frase, um jargão de funk: “Estou na pista pra negócio”. A moça que acabei de conhecer, mostrou-se um tanto assustada. Prontamente me justifiquei. Nessa frase, diferente dos tantos e tantas que dizem com modismo de baladas, eu quis dizer que uma relação é como administrar um negócio. Você passa toda semana no banco, quita seus impostos, traça toda uma meta e ainda se atem muito aos recursos humanos. Trate sua amada com todo o respeito formal, carinho e devoção. E um torpedo dizendo como ela é linda e especial, nunca é demais meu amigo! Afinal, o que vale mais, o uísque, o energético e o bagulho ta sério, ou um bom vinho tinto e comida italiana, luz de velas e a mulher que vai esquentar seus pés nos próximos cinqüenta anos? Você sabe em que confiar meu caro!

3 comentários:

monica mosqueira disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
monica mosqueira disse...

calça boca de sino..
Meu pai me disse que para andar de bicicleta com aquelas calças era preciso "prendê-las" na perna para não enroscar na bike..

monica mosqueira disse...

Lendo e conhecendo o bar..